HAMARTIOLOGIA

HAMARTIOLOGIA

1-CONCEITO.................................................................................................................................04
2-A HISTÓRIA DO PECADO SEGUNDO A BÍBLIA..............................................................05
3-CARACTERÍSTICAS DO PECADO.......................................................................................08
3.1-Pecados por Comissão...............................................................................................................08
3.2-Pecados por Omissão.................................................................................................................08
4-TIPOS DE PECADOS................................................................................................................08
4.1-Pecado Sensual...........................................................................................................................08
4.2-Pecado Espiritual.......................................................................................................................08
4.3-Pecados Capitais........................................................................................................................08
5-CLASSIFICAÇÃO DOS PECADOS: .....................................................................................09
5.1-Pecados por Negligência............................................................................................................09
5.2-Pecados por Ignorância..............................................................................................................10
5.3-Pecados por Imprudência..........................................................................................................10
6-DOUTRINAS TEOLÓGICAS ACERCA DO PECADO.......................................................10
6.1-Supralapsarianismo...................................................................................................................10
6.2-Infralapsarianismo.................................................... ................................................................12
7-ANÁLISE CRÍTICA CONCLUSIVA.................................................... .................................13
7.1-Pecado - uma questão de Ética ou de Moral? ..........................................................................13
7.2-Somos fantoches de Deus? .......................................................................................................13
7.3-O que se entende por liberdade vigiada? ..................................................................................15
7.4-Quem é o culpado pelo Pecado? ...............................................................................................16




























“A mensagem que nos traz cada criança ao nascer; é a que Deus ainda não perdeu a esperança nos homens.”
Tagore


D
urante a estadia humana no palco dos acontecimentos mundiais, o roteiro da vida apresenta como prefácio o erro. Não há como ver o homem, livre do erro, ou seja, Perfeito.
Se assim o fosse não seria necessário um Deus, pois o homem seria auto-suficiente, não como os anjos, pois teriam o planeta para administrar como Adão, não poderiam expor vontades que contrariassem àquelas proferidas pelo Senhor Divino, limitados em poder, sem a liberdade de ação voluntária, numa perfeição relativa, monótona e sem um objetivo prático.
-O pecado foi um mal necessário?

1 CONCEITOS

-No hebraico PECADO HATTÇ'TH, 'AWÃN (culpa) PESHA, RA'
-No Grego PECADO HAMARTIA, HAMART~EMA (perversão, deturpação), PARABASIS (transgressão), PARAPTÂMA (delito), POÑERIA (dívida), ANOMIA (iniquidade) e ADIKIA (infidelidade).
No geral a palavra HAMARTIOLOGIA significa HARMATIA (Pecado), LOGIA (Logos - Estudo ou tratado) = Estudo sobre o pecado, sua definição, origem, suas conseqüências e redenção.
Existem distinções expressas através desses termos; refletem eles os diferentes aspectos mediante os quais o pecado pode ser contemplado.
P E C A D O (Do latin Peccatu) significa Transgressão de preceito religioso. Falta, erro, culpa, vícios.
-O Pecado é fracasso, erro, iniqüidade, transgressão, contravenção, falta de lei, injustiça. É um mal insolúvel.
-Na ciência Cristã Pecado é a ausência do bem, é um erro da mente moral.
-Na Bíblia o Pecado é "a transgressão da lei"(I Jo. 3:4)
-No Ateísmo o pecado não existe, pois todo pecado é contra Deus, se Deus não existe, não há pecado.
-No Determinismo o pecado ‚ uma enfermidade por cuja causa o pecador merece de ao invés de ser castigado.
-No Hedonismo, o Pecado ‚ uma fraqueza inofensiva, ‚ um pequeno desvio, ‚ mania do prazer, fogo da juventude.
-Na evolução o pecado é uma herança do animalismo primitivo.
-Pecado é o ato de se afastar daquilo a que pertecemos, expressa o car ter pessoal de alienação por sobre seu aspecto trágico (PAUL TILLICH)
-O Pecado é a ação do fracasso, do erro, da iniquidade e da transgressão humana em relação às coisas Divinas.(BANCROFT)
A palavra PECADO ‚ pronunciada 146 vezes sendo:
01 em Gênesis, 02 em Exôdo, 02 em Levítico, 02 em Números, 02 em Deuteronômio, 02 em Reis, 03 em Crônicas, 01 em Neemias, 03 em Jeremias, 01 em Salmos, 07 em Provébios, 09 Isaías, 02 em Jeremias, 02 em Ezequiel, 02 em Daniel, 01 em Oséas, 01 em Miquéias, 01 em Zacarias, 04 em Mateus, 03 em Marcos, 03 em Lucas, 10 em João, 03 em Atos, 25 em Romanos, 04 em Coríntios, 03 em Gálatas, 02 em Timóteo, 12 em Hebreus, 03 em Tiago, 06 em Pedro, 10 em I João e 02 em Apocalipse.
Biblicamente a palavra PECADO tem sua origem no livro de GÊNESIS, com o advento da Queda do Homem:
A violação dos Deveres Universais, trouxe ao homem o acesso restrito de seus direitos. (Gen. 2:17; 3:6; 16-19; Rm. 5:12, 15-19).


2 A HISTÓRIA DO PECADO SEGUNDO A NARRATIVA BÍBLICA

A narrativa sagrada nos informa que o jardim do Éden, onde fora colocado o inocente e feliz casal, era repleto de árvores que produziam toda espécie de frutos aprazíveis. No meio do jardim, havia duas árvores que se distinguiam de todas as outras, separadas para um uso todo especial. A utilidade de cada uma ‚ algo que pode ser inferido dos nomes que lhes foram dados. A árvore da vida, cujos frutos não foram proibidos de comer, asseguraria a imortalidade (...) A árvore do conhecimento do bem e do mal fora designada para um propósito diferente, e proibido o uso do seu fruto.
Obedecendo algum objetivo, "as duas árvores foram postas uma perto da outra, no meio do 0ardim. A árvore da vida era o símbolo do favor divino, a outra, o símbolo da prerrogativa divina. Levada pelo desejo (Gen. 3:6) a mulher tomou do fruto do Conhecimento desobedecendo assim, uma ordenança divina, sofrendo com isso as conseqüências e transmitindo-as sua posteridade. A este fato se chama a QUEDA.
Criado “imagem e semelhança de Deus, o Homem foi também feito livre e plenamente independente, podendo escolher, graças a um de seus caracteres - a vontade, podendo escolher, e orientar-se livremente. Heis a¡ a beleza do ser humano e a gloriosa obra de Deus - fazer um ser livre para, espontaneamente, louvar ao seu Criador. E Deus ao cria-lo, achou que "...era muito bom..."ter incluído o Homem na sua maravilhosa obra de criação. Deus fê-lo livre para um arbítrio próprio.
Mas seria necessário rio, em face da soberana sabedoria do Criador, estabelecer regras e condições que deveriam limitar o Homem dentro de Certas circunferências e âmbitos limitando, assim, a sua liberdade?
Gozava, pois, de LIBERDADE LIMITADA sob a regras e leis estabelecidas por Deus (Gen. 2.16-17). E assim viviam felizes, homem e mulher no paraíso de Deus.
Atendendo, porém, …as insinuações do espírito das trevas (Gen. 3:16, Ap. 20:2, Ez. 28:14-19, Is. 14:14-14) satã foi expulso do ceu face ao seu pecado da vaidade e orgulho que lhe gerou o corações (Jo. 14:30) ser , portanto, julgado e expulso para sempre da presença de Deus (Jo. 12:31), foi também, pela desobediência aos preceitos do Senhor e … queda do vínculo da Lei e do amor que estavam sujeitas as criaturas e assim foram consideradas faltosas "...porque no dia em que dela comeres certamente morrer s."
Constatada a falta foi de logo afastado o Homem do jardim onde vivia em gozo e na presença do Senhor, tornando-se pois, "mortos em delitos e pecados" (a morte ‚ a separação de Deus, uma vez que Ele ‚ Vida) perdendo em parte ou quase a totalidade, a imagem do seu Criador: passando a estar sujeito … dor, …s inquietações, …s tristezas e … morte. O que não havia antes de ter praticado o delito (Gen. 3:17 e Rm. 6:23)...porque "o sal rio do pecado ‚ a morte ou a conseqüência do pecado ‚ a morte. E a morte passou a todos os Homens, porque todos pecaram."

O pecado faz do homem herdeiro da morte. Esta palavra apresenta três sentidos bíblicos:


01-A MORTE EM DELITOS E PECADOS: embora ainda viva na carne.
02-A MORTE FÍSICA: de íntima conexão com a vida.
03-A MORTE ESPIRITUAL: que é a separação de Deus.
Considerando o significado etimológico de Pecado que é "errar o alvo", fica evidenciado que o primeiro pecado, não foi a aquisição do conhecimento por intermédio da árvore da ciência, e sim, a opção errada. O erro foi ter escolhido a árvore errada
Se a árvore da Ciência do bem e do mal, foi plantada para testar a obediência do homem, e o homem infringiu uma Lei de Deus, logo o homem errou ao desobedecer, mas não errou no sentido de não acertar o alvo. Deus na sua sabedoria onisciente, sabia de antemão que o homem desobedeceria o seu mandamento, dentro do contexto, o homem errou, fora do contexto, não. O homem cumpriu o destino que já estava selado dentro dos propósito de Deus. Ora se o homem não pecou por ter adquirido o conhecimento, ele pecou por ter desobedecido a Deus, por outro lado, se ele não errou na escolha da árvore da ciência, uma vez que estava predestinado a isto, qual foi então o pecado do homem?
O mal é conseqüência do Pecado, e não o pecado conseqüência do mal. Ao tomar da árvore do Conhecimento, o homem passou a responder pelos seus atos, pois, agora ele sabia o que era o BEM E O MAL. A escolha pela prática do mal foi a conseqüência maior do Pecado.
O volume sagrado ao descrever o estado do mundo antes do dilúvio, afirma que "a terra estava corrompida … vista de Deus, e cheia de violência" (Gen. 6:11) A narrativa sobre o período anterior ao dilúvio ‚ extremamente breve. Não obstante, no começo dessa narrativa encontramos o episódio do assassinato de Abel por seu irmão Caim (Gen. 4:8), subsequente a bigamia de Lameque (Gen. 4:19-23), no final da narrativa há o relato da total corrupção do gênero humano, com o predomínio da violência. O dilúvio foi trazido pela ira de Deus contra as transgressões dos homens; contudo, as águas não purificaram o mundo do pecado. A iniquidade continuou imperando tal e qual acontecia antes do dilúvio até os dias de hoje.
A primeira transgressão feita com conhecimento do mal não pôde deixar de ser uma QUEDA MORAL, por maior que fosse a sua sabedoria adquirida no caminho da vida. Com efeito as crianças nascidas após a queda, havia certamente herdado a natureza dos seus pais, a ponto de ficarem mais fracas com respeito a moralidade.
Dessa corrupção universal nenhum ser humano esta isento, "pois, não há homem que não peque..."(II Cr. 6:36). Todo o que olha para o estado da sociedade ao seu redor encontra provas da iniqüidade humana. Crimes multiplicam-se por toda a parte e a terra anda cheia de violência, tal como sucedia na antigüidade.

3 CARACTERÍSTICAS DO PECADO

Teologicamente, a palavra Pecado poderá ser vista em duas características diferentes:

1. PECADOS POR COMISSÃO: Consiste em fazer aquilo que Deus proibiu.
2. PECADOS POR OMISSÃO: Consiste em deixar de fazer aquilo que Deus ordenou.

4 TIPOS DE PECADO

1. PECADO SENSUAL: Aquele que é levado pelo prazer carnal, pela aparência ou desejo da carne e tem como conseqüência a inimizade contra Deus.. (Rm. 8:7).
2. O PECADO ESPIRITUAL: Aquele que leva o indivíduo a descrença, desobediência, ao amor próprio, ambição, egoísmo, em suma, tudo o que leva o homem a separar-se das verdades espirituais que religam-no a Deus.
3. O catolicismo costuma classificar sete tipos de pecados que são considerados de conseqüências fatalistas. Estes são denominados de PECADOS CAPITAIS denominados de “Cada um dos sete vícios ou faltas graves catalogados pela Igreja na Idade Média, e que fazem parte da tradição cristã. São eles: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho “
Os quais podem ser divididos em dois grupos distintos:

PECADOS SENSUAIS PECADOS ESPIRITUAIS
GLUTONÁRIA=Tendência de comer demais, gula, apetite voraz INVEJA=Desejo exagerado de possuir o bem dos outros, ou prejudicá-los em decorrência deste bem.
LUXÚRIA=Amor aos prazeres materiais, a sensualidade, libidinagem ORGULHO=Conceito de elevado valor de si próprio e de suas virtudes, não considerando os defeitos.
PREGUIÇA=Aversão ao trabalho, comodismo indolente, moleza, lentidão AVAREZA= Excessivo e sórdido apego ao dinheiro; esganação.Falta de generosidade;mesquinhez, Ciúme, zelo.
ÓDIO: Paixão que impele a causar ou desejar mal a alguém de forma a prejudicar fisicamente, é o caso do ódio ser um instrumento para a realização de homícidios; repugnância, antipatia, desprezo, repulsão: ÓDIO= Paixão que impele a causar ou desejar mal a alguém; execração, rancor,
2. Aversão a pessoa, atitude, coisa, etc.; repugnância, antipatia, desprezo, repulsão:

Embora não conste dentro da divisão o Pecado de A BLASFÊMIA [Do gr. blasphemía, pelo lat. blasphemia.] cujo conceito está relacionado com “Palavras que ultrajam a divindade ou a religião.”, é considerado um Pecado Espiritual de maior teor, se for proferido contra o Espírito Santo, segundo o livro de Mateus 12:31
Outros pecados poderão ser classificados nesta nesta lista, como a MENTIRA, A DESCRENÇA, FEITIÇARIA, A ABOMINAÇÃO e passíveis a condenação eterna ou Segunda Morte conforme o livro das Revelações, Capítulo 21, versículo:8.
Num ponto de vista generalizado, todo pecado sensual de uma forma ou de outra leva ao pecado espiritual.

5 CLASSIFICAÇÃO HAMARTIOLÓGICA

Para melhor compreender a classificação harmatiológica, vejamos os pecados em três grupos:
1. PECADOS POR NEGLIGÊNCIA: Aquele que é classificado como desleixo ou menosprezo pelas verdades bíblicas. (Mt. 7:8)
2. 2-PECADOS POR IGNORÂNCIA: A palavra ignorância está sendo usada no sentido de ignorar os fatos, desta forma, aquele que ignora as verdades cristãs, a dom gratuito da fé, pelo simples fato de despreza-lo; comete pecado. (Lev. 4:13; Mt. 22:29)
3. 3-PECADOS POR IMPRUDÊNCIA: É sinônimo de insensatez, usado para designar ação de loucura, estupidez contra as coisas julgadas santas.(Prov. 15:5, 24:9; Ecl.7:25))
6 DOUTRINAS TEOLÓGICAS ACERCA DO PECADO

6.1 O SUPRALAPSARIANISMO

“Do latim “supra” = “antes” + “lapsus”= “queda”.
De acordo com esta posição, o decreto divino da eleição teria ocorrido “antes” da queda, independente da mesma. Acredita-se que o decreto elegedor precede até à própria criação.
Seu conceito básico é que os decretos de Deus, no tocante à eleição e a reprovação não teriam sido provocados pela queda do homem no pecado, mas antecedeu a esse evento, independente do mesmo. Deus teria elegido eternamente a alguns, inteiramente – à parte da queda eventual – da humanidade no pecado. Quando essa queda ocorreu, Deus simplesmente deu prosseguimento ao seu plano original. A queda no pecado requereu a expiação em prol dos eleitos, pelo que o plano eleitor não foi perturbado, mas tão somente foi adicionada a idéia de expiação (tese: Gen 3:5; antítese Ap. 13:8).”

CRÍTICAS: Ora se já pré– existia nos planos divinos aqueles que deveriam ser salvos (eleitos) e os que deveriam ser condenados (reprovados), ficaria evidente uma predestinação e injustiça divina.

Vejamos os pontos:

• Se Deus já havia eleito salvos e condenados seria inútil o direito da livre-escolha, pois independente de suas ações, seriam salvos ou condenados;
• Liberdade é uma capacidade de poder fazer a sua vontade independente da vontade alheia dos outros;
• Porém se fazemos a nossa vontade, independente da vontade alheia, seria difícil exercê-la sem que com isso, violasse os direitos alheios.;
• Se a vontade de Deus foi cumprida e não a do homem, Deus infringiu o direito do homem de exercer a sua liberdade.
• Esta atitude implicaria em injustiça, uma vez que Deus estaria manipulando os fatos históricos.
Em Antítese pode-se argumentar:
A palavra que se encontra em conflito é “eleição”, pois o supralapsarianismo defende que Deus estabeleceu privilégios a alguns e não a todos, antes que esses tivessem o direito de escolher o seus próprios destinos. Ora estabelecer “privilégios” é uma forma discriminadora e injusta, o que não condiz com a realidade Divina de um Deus Justo e Bom. Ainda se Ele tinha a intenção de premeditar os destinos dos homens mesmo antes de suas próprias escolhas, violaria o direito de liberdade de ação e pensamentos dos homens.
Embora a liberdade esteja sempre condicionada às leis ou regras, pois sem estas, haveria o caos completo, o exercício da liberdade plena é uma utopia, pois não poderá existir se todos a desejassem, em virtude do conflito ideológico entre direitos e deveres.
Se Deus deu ao homem a liberdade de escolher entre o Bem e o Mal, não seria justo intervir na história estabelecendo privilégios para alguns como é o caso dos “eleitos”.
Da mesma forma seria injusto determinar condenação de outros.
-Se “A queda no pecado requereu a expiação em prol dos eleitos, pelo que o plano eleitor não foi perturbado, mas tão somente foi adicionada a idéia de expiação...” Então não seria necessária a expiação, ou os eleitos estariam sujeitos a deixar de ser - los em virtude do pecado. Este posicionamento levaria a duvidar se é Deus que tem ou não o poder sobre o destino dos homens, sejam eles eleitos ou condenados.
Levando-se em conta as questões levantadas, poderíamos sugerir que sendo os homens livres - liberdade esta permitida por Deus - não haveria motivo pelo qual Deus interferia na história dando o privilégio da salvação para alguns e não para todos. Por outro lado, a expiação de Cristo não seria para os eleitos, mas para aqueles que se deixaram envolver pelo ação do pecado. (Mat. 18:11) O que prova que Deus haveria de interceder pelos pecadores na tentativa de resgatá-los para a salvação, (Jo. 3:16) uma vez que alguns destes haveriam de se converter, fazendo, desta forma, parte do grupo dos eleitos ou predestinados às dádivas divinas.(Ef. 1:11; Ap.21:7).
Deus não faria escolha preconceituosa de pessoas, mesmo porque seria um ato injusto, a salvação é para todos, e a decisão de ser salvo ou não cabe tão somente ao homem como um Ser Livre e capaz de reconhecer as necessidades de tal ato
De forma que se estabelecer privilégios a alguns em detrimento da condenação ou prejuízos de outros é contra os princípios atribuídos a Deus. A Bíblia enfatiza que nos primeiros momentos históricos, havia uma raça terrena eleita para dominar a terra, porém em virtude de rejeitarem o ato expiatório de Deus através do sacrifício vivo de seu filho, a benção da salvação tornou-se uma herança a todos os homens que acreditam fielmente na realidade espiritual de tal fato histórico e religioso. (Jo. 1:12; Rm. 3:29)

6.2 O INFRALAPSARIANISMO

Do latim “infra”= “depois” + “lapsus” do latim = “queda”.
É o nome da doutrina defendida por Armínio e alguns dos calvinistas de tendências mais humanistas, que afirma que o decreto divino da eleição e da reprovação ocorreu depois da queda do homem no pecado, afim de que aqueles que caíram pudessem ser salvos.
A base bíblica dessa doutrina é formada pelos trechos de Rom. 5:5: “...o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi outorgado.”; e pelo livro de Atos 2:17,33, que diz como o Espírito Santo, segundo a promessa divina. derramar-se-ia sobre toda a carne.
De modo geral, a expressão refere-se a uma possível experiência mística, na qual o Espírito opera sobre a alma humana. Nesse sentido geral, dificilmente algum conhecedor da Bíblia poderia apresentar qualquer objeção.
Todos os atos transformadores do Espírito, em benefício do homem, são do tipo infusão1. Porém, dentro da Igreja Católica Romana, a expressão é usada para indicar um habitus divino ("essência sobrenatural”), que seria administrado por meio do sacramento do batismo, de tal modo que, nesse ato, seria transmitido o poder regenerador do Espírito, desse modo, o Dom da graça de Deus, dado por ocasião da criação, recebe um acréscimo na natureza humana, o que embora tivesse sido perdido pelo homem por ocasião da queda no pecado, agora lhe é restaurado. Acredita-se ali que essa infusão da graça envolve as virtudes divinas, ultrapassando das meras disposições naturais do indivíduo, embora não destrua e nem substitua os poderes humanos naturais. Destarte, esses poderes naturais receberiam um influxo sobrenatural, e que a obra da graça seria aperfeiçoar a natureza humana.

7 ANÁLISE CONCLUSIVA

A realidade do Pecado é uma coisa evidente,. é um fato e não um mito.

7.1 Mas o pecado é uma questão de Ética ou de Moral?

A depravação, a ganância mesquinha e múltipla, a violência generalizada, a fome, as doenças, a estupidez, o comodismo, o materialismo ateísta, e todas outras formas de alienação decadente das quais estamos sujeitos, são reflexos do desvio de rota, são conseqüências diretas e indiretas de nossa posição contrária aos desígnios divinos. Temos uma tendência muito nossa e incontestável de aceitarmos mais o erro do que o acerto. Essa tendência ‚, assim confirmada em nossos atos diários (Rm. 5:12-19)
Uma coisa podemos ter certeza, somos meros seres humanos, passíveis ao erro, e sujeito a discriminação, ao julgamento de nossos atos e carentes do perdão divino, "Porque todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus;..." (Rm. 3:23)



7.2 Somos fantoches de Deus?

Com o pecado de nossos primeiros pais - Adão e Eva - (Gen. 3) e conseqüente queda, os homens se tornaram, desde o nascimento, pecadores gerados … imagem de si mesmos, nessa altura dos acontecimentos (Gen. 3:5, Sl. 51:1). Gerados … imagem do pecado, se tornaram de nascimento desafetos de Deus, submissos a satã, ficando sob a ira de Deus (Sl. 32:10; Jr. 5:25) afastando-se do Bem. O mundo está sob força inexorável da morte. TANATOS ‚ o termo grego: TANATOS, significando: separação da alma do corpo, pela qual termina a vida neste mundo, isto é, nas condições de vida conhecida fisicamente. A Bíblia diz: "O Corpo sem o espírito está morto."(Tg 2:26).
Cientificamente a Morte‚ a cessação do metabolismo da célula, ou seja, há no interior da célula um perene metabolismo de substancias vivas que se desintegram por combustão realizada a partir dos elementos grassos e os hidratos de carbono gerando as proteínas necessário rias para vida da célula. Quando há uma falha neste processo acontece a morte. Embora se conheça que existe tal "falha" não se sabe ainda a causa dela.
Teologicamente, a morte é uma falha do metabolismo, Mas por que tal falha?
A falha é o pecado (O SALÁRIO DO PECADO É A MORTE - Rm. 6:23), isso porque com o pecado o Homem perdeu a perfeição de sua constituição física - o metabolismo, passando a viver precariamente, ou seja, com certo limite de vida.(Sl. 90:10)
Sendo o pagamento do pecado a morte, o que fica evidenciado ‚ a que todos os pecadores, ou seja, todos os seres humanos, sofrerão com a morte. (Ez. 18:20).
A morte é o defeito do organismo humano e o pecado ‚ a causa. A morte ‚ a separação da pessoa divina da humana. Com a morte o homem se separaria para sempre de Deus. Mas como se pode separar algum‚m ou alguma coisa de Deus, sendo Ele ONIPRESENTE?
O que se entende por total aniquilamento ‚ a inexistência do Ser como Ser, ou seja, o castigo eterno, seria então, a indiferença existencial - O ser não seria mais um Ser, logo, ele não poderia estar diante de Deus. É claro que para isso, ele teria que primeiro passar pela morte física, da qual, nenhum ser está liberado.
Ao morrer todos serão julgados pelas obras, e pensar que somente a f‚ salva, ‚ uma forma ignorante de utopia, mesmo porque, "Assim também a fé se não tiver as obras, morta em si mesma." ( Tg 2:17). Logo não podemos dizer que seremos salvos só pela fé, nem só pelas obras, ambas serão contadas no Dia do Juízo. (Ap. 20:11-15). Então o que fazer para não sofrer a MORTE ETERNA? Como se redimir e buscar uma vida digna e ser salvo da Segunda Morte?

3. O que se entende por “Liberdade Vigiada”?

Na verdade não houve liberdade para escolher o erro, porque fomos induzidos pelo Mal. Da mesma forma somos induzidos pelo Bem. Mas uma coisa podemos ter certeza, damos mais ouvido para o Mal que pelo Bem, e isto ‚ uma tendência humana hereditária.
O arrependimento então seria o primeiro passo; o segundo seria reconhecer o verdadeiro valor do sacrificio de Cristo por todos nós, praticar o bem e ter consciência de que não podemos mais voltar ao erro.
Os pecados não são medidos pelas aparências, pois estas apresentam uma falsa realidade, o seu real valor está intrínseco nos resultados, sejam eles externos ou internos. Pode-se enganar as pessoas pela hipocrisia moral, intelectual, religiosa, ou quaisquer outras formas, porém não se pode esconder estas atitudes da presença divina
É claro que para o ser racional, todas as coisas estão, de certa, relacionadas, ou seja, existe o relativismo prático dos conceitos, o que é certo para alguns, pode ser errado para outros, assim como o que é pode ser pecado pode se apenas um forma cultural ou tradicional de crença.
Não caberá, portanto, ao ser humano, julgar determinados atos como pecados, pois devido a sua limitação conceitual, estará apenas especulando sobre salvação e condenação.
Podemos considerar várias divergências em seus conceitos, porém elas existem em contraste com a verdade. A forma com que cada ser humano consegue enxergar a realidade (cosmovisão), faz com que os conceitos e definições variem, se existe o bom senso é uma questão pessoal, se o existe o consenso por um convenção ideológica, a de se perguntar para quê e para quem.
Salvação implica indiretamente na libertação do mal e, consequentemente, da MORTE ETERNA. Mas como livrar-se do mal, se ele faz parte da natureza humana? Não seria também a salvação uma forma de alienação igual a morte?


7.4 Quem é o culpado pelo Pecado?

A reavaliação pessoal dentro daquilo que se entende como verdade divina, é o melhor instrumento para poder julgar os próprios atos. Se para os simples mortais, esta definição de erro é, por si mesma, contraditória, parece-nos que para Deus é simples e única.
Deus não castiga o pecador, ele sofre apenas, as conseqüências de seus próprios atos. É para isto que Deus por Sabedoria já deixou em cada ser racional, a essência divina para o discernimento crítico de suas ações.
Diante da Realidade Fatalista e inevitável da morte física, diante das inúmeras formas de pecado, das tentações mundanas, das obrigações morais e espirituais rejeitas, muitas vezes, por ignorância, imprudência, negligência, etc...ainda existe uma SAIDA: A SALVAÇÃO.
Se desde o princípio ficamos sempre entre dois caminhos: DO BEM E DO MAL. Como ainda possuímos a capacidade de escolha (embora isso não seja o mesmo que Liberdade), temos o conhecimento das conseqüências dos nossos atos, se queremos continuar naquilo que nossa consciência nos acusa de ser um Mal, ‚ por livre escolha, assim, do mesmo modo, a escolha pela prática do Bem.
O que nos condena é nossa Teimosia em permanecer no ERRO, e isso é ALIENAÇÃO VOLUNTÁRIA, pois, conhecemos o CERTO, porém nos alegramos com o ERRADO. O homem mesmo se condena, assim como o homem mesmo se salva.
A SALVAÇÃO espiritual vem com o ABSOLUTO ARREPENDIMENTO. "� necessário, porém, que o homem se arrependa como livremente pecou, livremente dever arrepender-se usando a sua própria liberdade de escolher."
Mas perguntaríamos, filosoficamente:
Para que ser salvo?
- Afinal qual o objetivo de viver eternamente na presença de Deus?
-Não seria isto tedioso e sem fundamento, uma vez que Deus está em todos os lugares vigiando-nos imparcialmente?
-SALVAÇÃO E CONDENAÇÃO não seriam apenas conversões humanas, em virtude de sua necessidade de fé, ou instrumentos de alienação social?
Se a SALVAÇÃO e a condenação são condições impostas, que liberdade temos? Qual a nossa semelhança com Deus se não temos liberdade?
Se a fé é dom Deus, logo não podemos ser condenados pela descrença, como explicar isto?
A fé é uma questão pessoal, crê ou não depende do ponto de vista de cada um, porém uma coisa é certa, quem não crê já está de antemão condenado.(Mc. 16:16) Isto pode ser uma forma de radicalismo déspota, mas é esta a realidade bíblica.
Se admitirmos que estamos perdidos, ainda temos uma chance de nos encontrar. Agora, se não temos esta consciência, não há a menor chance. Acreditar em que, para que? São perguntas que podemos responder dentro das nossas convicções religiosas. Mas saber para onde vamos após a morte, é uma pergunta que não podemos responder, e como não temos resposta "é melhor prevenir que remediar."
Façamos então, de nossas vidas terrenas, um meio de purificação e não de contaminação espiritual;. é necessário, pois, crê Naquele que um dia morreu para demonstrar o Amor do Pai por todos os pecadores "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."(Jo. 3:16).































BIBLIOGRAFIA




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OLIVEIRA, Raimundo F. de - SEITAS E HERESIAS UM SINAL DOS TEMPOS - 2ª Edição -PAD, 1987 - RIO DE JANEIRO-RJ.

PEARLMAN, Myer - CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA, Editora Vida, 13ª Edição, MG, 1988

RYRIE, Charles C. - GUIA CONCISO DA BÍBLIA - Editora e Distribuidora Candeia, 1989, São Paulo - SP.

SASS – Roselis Von – O LIVRO DO JUÍZO FINAL – 8ª edição – Ordem do Graal na Terra, 1992 – SP.

THOMAS, Henry - A HISTÓRIA DA RAÇA HUMANA - Vol. 6 - Editora Globo, Porto Alegre-RS,

TILLICH, Paul - TEOLOGIA SISTEMÁTICA - Editora Sinodal, Edições Paulinas, 2ª Edição, 1987, São Paulo-SP.



























QUESTIONÁRIO DE HAMARTIOLOGIA

01-Explique de que forma o Pecado é considerado uma “herança do animalismo primitivo.”

02-Considerando que o pecado é uma forma de fracasso, e , que o fracasso é resultado de uma tentativa para se chegar ao acerto; podemos concluir que o pecado é um mal necessário para se atingir a perfeição? justifique

03- Com base na resposta anterior, podemos ter a certeza de que se Adão e Eva não houvessem cometido o primeiro erro, a humanidade seria perfeita?

04-Analise, criticamente, a posição do Ateísmo: “...o pecado não existe, pois todo pecado é contra Deus, se Deus não existe, logo não há pecado.”

05- Se “A FORÇA DO PECADO É A LEI.(I Co. 15:56) e o que se entende por “Liberdade Limitada”?

06- Se o Pecado não é o MAL, e sim um tipo de mal, que outros males haveria antes da idéia do Pecado?

07- Não é desejo de Deus que o homem seja condenado, por isso ele mandou seu filho morrer por todo nós. (Jo. 3:16). Isto quer dizer que Deus ama o pecador? Justifique

08- Se a morte física é conseqüência do Pecado, logo o homem morre porque pecou (Sl. 90:10). Sendo assim por que os animais morrem?

09- Se "O Salário do pecado é a morte. (Rm.6:23), logo o pecado ocasiona a morte, logo estamos sujeitos a morte como castigo. Mas não podemos responder por um pecado que não cometemos, sendo assim, não deveríamos morrer pôr causa do Pecado Adâmico?

10-Analise criticamente os seguintes posicionamentos:

a)- Se o fracasso é um pecado, Deus também pecou, pois foi malsucedido em várias vezes que tentou libertar o homem do mal que Ele mesmo havia criado.

b)- O pecado ocasiona a morte, logo estamos sujeitos a morte como castigo. Mas Não podemos responder por um pecado que não cometemos, sendo assim, Não deveríamos morrer pôr causa do Pecado adâmico.

1 Infusão vem de infusionismo que tanto na teologia e na filosofia, assevera que a alma humana emana da substância divina e é infundida no corpo, por ocasião da concepção ou nascimento.